Difícil escolher uma como favorita quando 42 praias cercam a orla da Ilha de Santa Catarina. Fundada em 1673 por imigrantes açorianos, o lar das grandes histórias de Franklin Cascaes e Salim Miguel é um mundo a parte. Chama-se assim (Santa Catarina) pelo dia em que a imigração aconteceu, o dia da santa que fez chover rosas em seu túmulo. O fim da revolução federalista deixou o nome do general Floriano Peixoto como slogan de uma cidade que não combinava com a ditadura republicana. Vieram as obras, a ponte interminável, os estrangeiros, a poluição, os problemas urbanos… mas nada disso tirou o sorriso do rosto mané, que fala puxado e solta gírias que merecem ser repetidas.
Mas muito antes do guaraná pureza chegar na boca do florianopolitano, um tipo diferente de tribo viveu na ilha que chamamos de Florianópolis. O Homem de Sambaqui, um primitivo indígena originário do Brasil que Levi Figuti chama de “eloquentes testemunhos da presença humana em períodos que antecedem a Colonização.” Mas essas figuras ricas, que utilizavam o sambaqui como instrumento, foram substituídas pelos índios carijós, descendentes do tupi, que logo transformaram as cores e costumes da ilha. Depois deles, enfim, chegaram dos açores as grandes embarcações que trariam os colonizadores. Mais uma vez a ilha contava com novas cores e costumes. Com os colonizadores, a ilha reproduziu o estilo clássico português de se colonizar. Ainda que em menor proporção, o tráfico negreiro do século XVIII ganhou peso na ilha de Santa Catarina. E assim, a senzala ficou lotada e as grandes e monumentais mansões dos senhores dos escravos se ergueram e viraram cartão de visita no centro da cidade, ou no norte da ilha. O maracatú se separava do boi de mamão, e o candomblé passava longe das incontáveis capelinhas que surgiam. Quando princesa Isabel os libertou, ocuparam os sambaquis, os morros e as dunas.
Uma cidade com uma história repleta de contradições, mas que deixa maravilhado todos que a visitam. Hoje, a cidade dada de presente a Floriano Peixoto, como se fossem de alguém que não do povo que a compõe, completa 344 anos. Das cores e costumes herdados cheios de metamorfose, sobrou o mar, a areia grossa das praias, e a simpatia de quem mora num bom lugar.[/learn_more]